Campanha VOZ 2011
Sua voz é única! Ela está intimamente ligada a sua personalidade e expressa sentimentos, desejos e emoções. Além disso, ela é utilizada como instrumento de trabalho por muitas pessoas.
Você se considera um profissional da voz?
Professores, inspetores de alunos, atores e cantores são exemplos de profissionais da voz, pois necessitam dela para exercer adequadamente a sua função.
Os profissionais da educação, em diversas situações, são expostos a condições desfavoráveis para a saúde vocal como salas ruidosas, poeira de giz e acústica inadequada, além de utilizarem a voz por longos períodos e em forte intensidade.
O professor faz parte de uma das categorias com maior incidência de disfonias (alterações vocais). Cansaço vocal, desconforto e esforço para falar, garganta seca, dificuldade para projetar a voz e rouquidão são alguns dos sintomas mais frequentes.
As disfonias podem afetar a vida pessoal, social e profissional. Por isso, principalmente para quem trabalha com a voz, é importante um trabalho de promoção da saúde e prevenção das alterações vocais.
Cuide da sua voz e viva melhor!
Acompanhem o vídeo de divulgação da campanha:
Assista a um dos vídeos exibidos durante a campanha, onde observa-se uma prega vocal saudável:
Dicas para uma Voz Saudável - Campanha Vida Saudável, Voz Melhor
1. Própolis e gengibre fazem bem para a voz.
Própolis e gengibre têm efeito anestésico, mascarando a dor na garganta e dando uma sensação de alívio. Durante esta sensação, há redução da sensibilidade e não sentimos o esforço que estamos fazendo ao falar. Dessa forma, acabamos cometendo mais abusos vocais e piorando a rouquidão. Esses produtos também alteram a viscosidade e a quantidade de saliva, podendo dificultar a articulação dos sons da fala.
2. Mel, chá e gargarejo de folha de romã fazem bem para a voz.
3. Fazer gargarejo com limão e vinagre melhora a voz.
Tanto o limão quanto o vinagre irritam a mucosa do trato vocal (caminho percorrido pela voz) e, portanto, não devem ser usados para fazer gargarejo.
4. Beber água faz bem para a voz.
Um corpo permanentemente hidratado significa pregas vocais hidratadas e com melhor flexibilidade e vibração. É indicado beber em média dois litros (8 a 10 copos) de água ao longo dia.
5. A ingestão de bebidas alcoólicas faz mal para a voz.
A ingestão de bebidas alcoólicas causa irritação em todo o trato vocal. Uma pequena dose de bebida alcoólica provoca, aparentemente, uma sensação de melhora da voz em decorrência da anestesia da região da faringe. Como há a redução da sensibilidade, não percebemos os abusos vocais que são cometidos.
6. Fumar prejudica a voz.
A fumaça agride todo o sistema respiratório, trato vocal e principalmente as pregas vocais, o que pode levar a uma irritação da mucosa, edema em pregas vocais e ao aparecimento de pigarro e de tosse em decorrência do aumento de secreção. Além disso, o cigarro é altamente nocivo à saúde.
7. Tossir ou pigarrear “limpa” as pregas vocais.
A prática constante de tossir ou pigarrear pode causar lesões nas pregas vocais. Como reação ao atrito constante e buscando se protegerem do impacto, há um aumento da produção de muco na região das pregas vocais, o que atrapalha a emissão vocal e faz com que o indivíduo tenha vontade de pigarrear ou tossir novamente, tornando-se um ciclo vicioso. Para reduzir a produção de muco e assim eliminar a vontade de pigarrear ou tossir, é recomendada a ingestão de muito líquido e a inalação com vapor d’água para lubrificar as secreções. Engolir a saliva com força ou tomar vários goles de água também é uma boa estratégia para evitar o ato de pigarrear ou tossir.
8. Comer maçã melhora a voz.
A maçã tem propriedade adstringente e auxilia na limpeza da boca e faringe. Mastigá-la exercita toda a musculatura facial e relaxa a musculatura da mandíbula, auxiliando na melhora da articulação. No entanto, ingerir este alimento não provoca melhora direta da qualidade vocal e seu consumo excessivo pode estimular o refluxo gastroesofágico.
9. Bebida gelada e sorvete fazem mal para a voz.
A maior parte das pessoas não sofre nenhum impacto ao ingerir bebidas geladas e/ou sorvete. Algumas pessoas têm mais sensibilidade às alterações de temperatura e, portanto, devem evitar o choque térmico. Se você não sente nenhum problema com alimentos e bebidas frias, pode ingeri-los sem preocupação. Os sorvetes que são derivados do leite aumentam a produção de secreção e devem ser evitados caso você necessite usar muito a voz após o consumo.
10. Dormir bem melhora a voz.
Ao dormir recarregamos as energias e a voz também depende dessa “bateria” para funcionar com mais potência. Quando acordamos a voz está um pouco diferente, geralmente, mais fraca, mais grave e a fala mais lenta. Após 15 a 45 minutos, a voz já deve estar em seu padrão habitual. Se temos uma noite de sono inadequada, a voz pela manhã fica mais “pesada”, grave e até mesmo rouca, demorando mais para retornar ao seu padrão habitual.
11. As roupas podem atrapalhar a qualidade vocal.
Roupas apertadas na região do pescoço e do abdome podem dificultar o movimento respiratório e restringir a movimentação muscular das estruturas, forçando o mecanismo da produção vocal. Saltos muito altos também podem induzir uma postura corporal mais tensa e, de modo indireto, tensão na produção da voz.
12. A voz não envelhece.
Assim como todos os tecidos do corpo, a mucosa das pregas vocais também envelhece. Essas modificações ocorrem com a idade e são mais evidentes a partir dos 60 anos, com grande variação de pessoa para pessoa. A voz pode ficar mais fraca, mais trêmula, mais grossa nas mulheres e mais fina nos homens. Sendo assim, é importante a realização de atividades físicas, uma boa alimentação e exercícios vocais.
13. A exposição ao ar condicionado prejudica a vibração das pregas vocais.
O ar condicionado não prejudica a vibração das pregas vocais. Em geral, o ar condicionado resseca a mucosa do trato vocal, porque diminui a umidade do ar. Há pessoas que sentem mais os efeitos que outras, o que depende das características individuais de cada organismo, assim como do tempo de exposição. É recomendado ingerir bastante água e respirar exclusivamente pelo nariz.
14. Sprays e pastilhas melhoram a voz.
Cuidado com a utilização de sprays e pastilhas sem orientação médica! Assim como o álcool, eles têm efeito anestésico, reduzindo a sensibilidade e mascarando a dor e a sensação de esforço vocal, o que permite que abusos vocais sejam cometidos sem serem percebidos.
15. Exercício físico provoca melhora da voz.
A prática de exercícios físicos contribui para a saúde geral. Algumas modalidades tem movimentação intensa dos membros superiores (boxe, tênis, karatê, vôlei e musculação) e podem causar tensão muscular nas regiões do pescoço, ombros, tórax e costas, não sendo indicadas para quem utiliza a voz profissionalmente ou apresenta alguma alteração vocal. Para estes casos, as modalidades mais indicadas são: natação, caminhada, ginástica sem impacto, exercícios de alongamento e ioga. Mas fique atento! Praticar exercícios falando pode prejudicar a voz, porque durante o esforço físico ocorre um aumento na força do fechamento das pregas vocais.
16. Alimentação mais adequada ajuda na saúde vocal.
A regularidade e o equilíbrio da alimentação ajudam na saúde como um todo e, consequentemente, na saúde vocal. Alimentos pesados e condimentados devem ser evitados, pois podem prejudicar a digestão, favorecer o refluxo gastroesofágico, provocar rouquidão e limitar a respiração necessária para o uso vocal.
17. O chocolate faz mal para a voz.
O chocolate e outros derivados do leite (queijos, iogurtes, etc.) aumentam o muco do trato vocal, atrapalhando a vibração das pregas vocais. Portanto, devem ser evitados caso você necessite usar muito a voz após o consumo.
18. A competição sonora prejudica a voz.
Com o ruído perdemos o controle da voz pela audição e, instintivamente para sermos entendidos, aumentamos o volume da voz e falamos com mais esforço.
19. É normal a voz mudar durante o dia.
A voz está intimamente ligada a nossa personalidade e expressa sentimentos, desejos e emoções. Do mesmo modo que a tensão do nosso corpo varia durante o dia, a voz também varia acompanhando nosso estado físico e emocional.
20. Devo sussurrar quando estou rouco para poupar a voz.
O sussurro em excesso pode prejudicar a laringe pela tensão necessária para bloquear o som natural da voz. Quando estamos sem voz o ideal é evitar falar e, se isso não for possível, procurar falar baixo abrindo bem a boca.
21. A voz que eu ouço quando falo é diferente da minha voz em uma gravação.
Quando escutamos a nossa voz no dia-a-dia, recebemos informações por via aérea (som da voz pelo ar) e por via óssea (vibração dos ossos do corpo), o que torna o som mais grave. A voz que ouvimos em uma gravação ocorre somente pela via aérea e se aproxima mais de como os outros nos escutam.
22. Mudanças bruscas de temperatura interferem na produção da voz.
As mudanças bruscas de temperatura - tanto do quente para o frio como do frio para o quente - causam uma alteração na vascularização e como defesa, as mucosas do trato vocal reagem ficando edemaciadas e aumentando a produção de muco.
23. Problema no estômago interfere na qualidade da voz.
Algumas pessoas sentem que após as refeições a voz piora, aumenta o pigarro e há retorno de líquido do estômago para cima. Estas pessoas independentemente de terem azia ou queimação, podem sofrer da doença do refluxo gastroesofágico. Como a laringe não está preparada para receber os líquidos do estômago, ela pode ficar inflamada ou irritada, prejudicando a voz e provocando rouquidão. Algumas estratégias para evitar o refluxo são comer pequenas porções de alimentos ao longo do dia e não dormir logo após alimentar-se, mantendo um jejum de 3 horas antes de deitar. Caso o refluxo seja constante, é recomendado procurar orientação médica.
24. Alergias, asma e bronquite podem causar rouquidão.
Toda e qualquer alteração das vias aéreas, dos pulmões ao nariz podem prejudicar a voz. A respiração está diretamente relacionada com a produção da voz, por isso é importante que o fluxo respiratório esteja livre e equilibrado. O ar que sai dos pulmões é o “combustível” (energia) responsável pela vibração das pregas vocais e produção da voz. Alergias nasais incham os tecidos do nariz e da garganta e podem exigir mais esforço para falar e controlar a instabilidade na voz. Asma e bronquite descontrolam a respiração e dificultam a coordenação da fala, assim como a projeção da voz no ambiente.
25. O estresse pode prejudicar a voz.
Quando estamos passando por situações de estresse físico e/ou mental, temos a tendência de enrijecer a postura e aumentar a tensão muscular de várias regiões do corpo. Uma das regiões mais afetadas é a cervical e, consequentemente, a musculatura que está envolvida na produção da voz. O estresse pode tornar a emissão vocal mais tensa e menos resistente quando se tem que falar por muito tempo.
26. Problema na tireóide pode afetar a voz.
A glândula tireóide fica sobre a laringe, logo abaixo da pele do pescoço. Os nervos que enviam estímulos para a movimentação das pregas vocais, a fim de controlar sua vibração e os ajustes de tom (fino ou grosso) passam por essa região. Nódulos na glândula tireóide podem comprimir os nervos e comprometer a atividade dos músculos responsáveis pela voz. O desequilíbrio dos hormônios produzidos por essa glândula também pode afetar a voz, deixando-a mais instável, rouca e grossa.
27. Problema de audição pode prejudicar a voz.
Nós monitoramos a nossa voz por meio da audição. Ouvir bem é fundamental para controlar o tom, esforço e qualidade da voz. As pessoas com dificuldade de audição, ao falar, aumentam o volume da voz e muitas vezes, não percebem o esforço, apresentando maior risco de desenvolverem um problema vocal.
28. A voz pode mudar no período pré-menstrual.
Algumas mulheres sofrem da chamada síndrome de tensão pré-menstrual (TPM), com oscilação de humor (maior irritabilidade e sensibilidade) e inchaço corporal. Destas, uma porcentagem percebe que a voz fica mais instável, grossa e menos limpa nesse período. Observe no próximo ciclo menstrual, se sua voz altera nos 3 dias que antecedem o fluxo e logo após o início da menstruação. Se isso ocorrer, redobre a atenção para o uso correto da voz e não deixe de fazer seus exercícios vocais.
Bibliografia
Behlau, M. & Pontes, P. – Avaliação e tratamento das disfonias. Editora Lovise. São Paulo, 1995.
Gonçalves, N. – A importância do falar bem: a expressividade do corpo, da fala e da voz valorizando a comunicação verbal. Editora Lovise. São Paulo, 2000.
Pinho, S. M. R. – Manual de higiene vocal para profissionais da voz. Pró-Fono Departamento Editorial. Carapicuíba, 1997.
Pinho, S. M. R. – Fundamentos em Fonoaudiologia: tratando os distúrbios da voz. Editora Guanabara Koogan. Rio de Janeiro, 1998.FONTE: Fonoaudiologia - Programa SP Educação com Saúde